segunda-feira, agosto 29, 2011

Manifesto da campanha "Motos: Solução Necessária"

 


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Logotipo da campanha do site e da revista Sobremotos chamada "Motos: Solução Necessária".
Logotipo da campanha do site e da revista Sobremotos chamada "Motos: Solução Necessária".

By Equipe Sobremotos, Clique no nome do autor ao lado para comentar.


Quarta, 13 Julho 2011

O site e a Revista Sobremotos apresentam o manifesto da campanha "Motos: Solução Necessária", a qual visa colocar um novo ponto de vista sobre o problema da mobilidade viária e apontar as verdadeiras causas do grande número de acidentes no nosso trânsito e ainda sugere um plano de correção.

Motos: Solução Necessária

Diariamente vemos em quase todos os meios de comunicação a veiculação de matérias e reportagens especiais retratando a "preocupação" com o elevado número de acidentes envolvendo motociclistas e suas possíveis "causas".

Ao mesmo tempo, também se veem várias notícias acerca de outra preocupação que assola as mentes dos cidadãos, os constantes congestionamentos nas grandes cidades.

A partir destas duas premissas volta e meia somos surpreendidos com ideias "mirabolantes" que pretendem sanar ou minimizar tanto o número de acidentes quanto o problema do tráfego, muitas vezes indo diretamente contra o interesse dos motociclistas.

Quem não lembra das ideias mais estapafurdias já propostas por parlamentares e tantos outros ditos "entendidos" neste assunto que, entre outras "pérolas", sugeriam que as motos deveriam andar ocupando o mesmo espaço de um carro nas vias públicas, que deveria ser proibida a circulação de motos com garupas, que o capacete deveria conter o tipo sanguíneo do motociclista e, até mesmo, a proibição da circulação de motos, coisa que já acontece em alguns locais, como nas marginais de São Paulo. A ideia básica que está por trás destas sugestões é que, uma vez que os motociclistas se envolvem em muitos acidentes, então estes devem ser limitados no agir e, se possível, até excluídos, "liberando" o trânsito de "transgressores".

Propostas assim visam tão somente procurar passar para a população que a "corriqueira" má atitude dos motociclistas deve ser punida e que se está "procurando", um vício nacional pelo "gerundismo", encontrar uma saída satisfatória.

O equívoco sobre esta abordagem é que ela ataca a consequencia de um contexto formado e não suas causas, porque sobre estas últimas se evita falar ou atacar com a profundidade necessária.

Embora quase óbvia, as duas principais causas dos congestionamentos e do elevado número de acidentes são: 1) o ineficiente e caro sistema de transporte público e 2) a falta de restrições para a circulação do elevadíssimo número de automóveis particulares.

Em primeiro lugar, é bom ter em mente que o maior número de acidentes de trânsito se dá em meio urbano e não em estradas. Principalmente nas grandes cidades, palco de congestionamentos crônicos, pois a razão é simples: não há espaço físico suficiente para acomodar tantos carros em circulação, nem construir ruas ou avenidas na mesma velocidade que novos carros saem vendidos das concessionárias.

A desproporção entre o crescimento da frota de automóveis e o aumento da capacidade de tráfego das vias das cidades é de tal ordem que se torna inevitável o colapso do sistema viário, é apenas uma questão de tempo.

Em ruas e avenidas abarrotadas, em sua maior parte, por carros com um único ocupante dentro, as motos se tornaram não um "mal necessário" como alguns mal intencionados querem fazer parecer, mas "a solução necessária" para que algum escoamento de pessoas, documentos e serviços ainda possa ser feito. Alguém poderia imaginar a cidade de São Paulo se nenhum motoboy existisse para levar e trazer documentos, pizzas, encomendas, etc? Seria uma cidade imobilizada pela sua própria "arteriosclerose automobilística”. Em suma, se há um grande "vilão" para o número de acidentes que acontecem e para o tráfego parado, este vilão é o uso indiscriminado de automóveis.

Por conta disto, apresentamos um "tripé" sobre o qual alicerçamos nossa campanha para diminuir acidentes e melhorar o nosso trânsito:

1o) Transporte coletivo de massa bom e barato
O principal meio para se deslocar em uma cidade deveria ser o transporte coletivo de massa. Metrôs, trens, metrobus, corredores expressos de ônibus e integrações entre ônibus e metrôs devem ser os primeiros privilegiados com o pouco espaço disponível existente e com os maiores investimentos possíveis. O que não se pode ter é um sistema de transporte coletivo que é lotado, atrasa, quebra e ainda é mais caro do que a soma da gasolina e da prestação de financiamento de uma moto para um mesmo percurso mensal, tal como hoje acontece no Brasil;

2o) Transporte individual sobre duas rodas
O único meio de transporte realmente democrático e apropriado para a realidade urbana é o sobre duas rodas: motos e bicicletas. Ao invés de se pensar em "motovias" ou restringir o uso da motocicleta é justamente o contrário o que deveria estar sendo feito, incentivando o seu uso maciçamente para que mais pessoas pudessem se locomover com boa fluidez. No mesmo diapasão, o uso das bicicletas ainda traz os benefícios de ser mais saudável e poluir menos. Enfim, se a opção não for fazer uso do transporte público de massa, então que seja sobre motos ou bicicletas para que não se ocupe um espaço tão grande quanto hoje, que faz apenas que ninguém consiga se locomover;

3o) Restringir a circulação de carros
Embora pareça indigesta, a solução é, inevitavelmente, diminuir drasticamente o uso de automóveis. Os SUV (Sport Utility Vehicle), jipões de imponência e status para quem os usa são o ápice da incompatibilidade entre número de pessoas normalmente transportadas, via de regra apenas o motorista, e espaço viário disponível, mas todo o uso de automóvel particular deve ser limitado, não há outro jeito. São Paulo já tem rodízio, e não pode ficar sem ele mesmo em período de férias. Outras grandes capitais mundiais como Londres, Tóquio e Cidade do México adotam sistemas de restrição da circulação de carros por áreas, por horários e até chegam a impor pedágios urbanos. A mensagem "implícita" é clara: "não há espaço para o seu carro, deixe-o em casa". Circulação de carros, somente na forma de táxi ou veículos de serviço.

Falar em melhor formação do futuro condutor e fazer campanhas de conscientização, entre outras ações, é bom e importante, mas não ataca o cerne da questão que é o número incompatível de carros em circulação, estas são medidas complementares, não essenciais.

Enfim, mais e melhor transporte coletivo de massa, transporte individual preferencial para duas rodas e restrições pesadas para o tráfego de automóveis particulares, esta é a solução, portanto moto é uma solução necessária.

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